Amavam-se. E que longo amor tinham as duas,
quando no leito, a sós, ambas se viam nuas,
ao romper da manhã!...
Os corpos brancos de uma alvura de nevoeiro,
apetitosos como os frutos em Janeiro
e os seios num contorno iricute de romã…
Enlaçavam depois os corpos. Boca a boca.
trocavam docemente os mais velhos beijos,
numa febre de amor, numa ternura louca,
entre gritos de sangue e ardência dos desejos.
Noites brancas! Na sede ardentíssimo do gozo,
que frémitos! Da carne o insaciado ardor
rói o sexo que explui, a crepitar, furioso,
injectado de amor.
Xavier de Carvalho
(Portugal 1861-1919)
Sem comentários:
Enviar um comentário