Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

7 de março de 2012

Joan Salvat-Papasseit: Oficio de Amor

Se conheces o prazer, não escatimes o beijo
pois o prazer de amar não comporta medida.
Deixa-te beijar e beija tu depois,
que nos lábios sempre é onde o amor perdura,

Não beijes, não, como o escravo e o crente,
mas como o viandante à fonte oferecida.
Deixa-te beijar - ardente sacrifício -
quanto mais queima mais fiel é o beijo.

Que terias feito se tu morresses antes,
sem mais fruto do que a aragem no rosto?
Deixa-te beijar, e no peito, nas mãos
- amante ou amada - a taça muito alta.

Quando beijes, bebe, o copo sara o medo:
beija no pescoço, o sitio mais formoso.
     Deixa-te beijar,
                e se ainda te apetece
beija de novo, pois a vida é contada.

Joan Salvat Papasseit in Rosa do Mundo (2001 poemas para o futuro)
(Catalunha 1894-1924)
Foto Google

Sem comentários: