Pela
minha voz endurecida como uma velha ferida;
pela
luz que revela e destrói o meu rosto;
pelo
marulhar de uma solidão mais antiga que Deus;
por
mim atrás e à frente;
por
um ramo de avós que reunidos me pesam;
pelo
defunto que dorme na minha costela esquerda
e
pelo cão que lhe lambe as faces;
pelo
uivo da minha mãe
quando
molhei as suas coxas com um vómito escuro;
pelos
meus olhos culpados de tudo o que existe;
pela
deleitosa tortura da minha saliva
quando
apalpo a terra digerida no meu sangue;
por
saber que me apodreço.
Ama-me.
Héctor
Rojas Herazo
(Colombia 1921-India 2002)
in
Um País que Sonha - Cem anos poesia Colombiana
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