Eu não sabia que sabia esta coisa já sabida:
contigo a vida, até o sexo, pode ser coisa divertida.
Sabia, afinal, ou não sabia, como qualquer personagem
do Livro das Façanhas, que mal abrisses
um pouco dos teus braços, eu iria, qual Ulisses,
atirar-me para dentro da tua imagem?
Agora esperei por ti décadas, séculos, todo um milénio
mas amanhã, se o dia se fragmentar como em mim,
tu já não serás o corpo que me deu oxigénio
e eu não voltarei a escrever um poema assim.
Helder Moura Pereira
Portugal 1949
in A tua cara não me é estranha – Assirio & Alvim
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