21 de outubro de 2011

Os olhos de Isa : Joaquim Pessoa



Os olhos de Isa

Nos olhos de Isa a chama grita e a noite
acende fogueiras.

Os meus olhos param. Nos olhos de Isa.

Oh, nos olhos de Isa espreguiça-se a madrugada
e o vento acorda para ensinar os pássaros a voar
e as árvores a acenar-lhes uma bandeira de folhas, uma tristeza
verde.

Nos olhos de Isa a manhã explode num inferno de estrelas,
um clarão de silêncio em estilhaços de rosas, pétalas de
sombra.

Nos olhos de Isa os poetas vagueiam num bosque de mel
onde as abelhas constroem a tarde
desesperadamente.

Nos olhos de Isa ninguém repara na minha solidão.



Joaquim Pessoa 
Portugal, 1948
in Os Olhos de Isa
Editor: Litexa Editora
photo by Google

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