14 de novembro de 2011

Ricardo Gil: Dúvida


Deserto esta o jardim. Ela demora.
O motivo, não sei; o tempo avança.
Ó dúvida cruel que me apavora!
Começa a vacilar minha confiança

O medo vira até superstição:
se chegar por ali, daquele lado, não me quer...
Mas se vier pelo portão,
ó meu Deus, é que então eu sou amado!

Quanta coisa imagina quem quer bem!
Foge dúvida atroz - eu te desterro! -
ela há de vir pelo portão de ferro

ao meu encontro. Ó Deus, o que a detém?
Seus passos posso ouvir. Os olhos cerro.
Mas não quero saber por onde vem...

Ricardo Gil
(Espanha, 1855-1907)

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