11 de novembro de 2011

Em busca do amor: Florbela Espanca


O meu destino disse-me a chorar:
“Pela estrada da Vida vai andando,
E, aos que vires passar, interrogando
Acerca do Amor, que hás-de encontrar.”

Fui pela estrada a rir e a cantar,
As contas do meu sonho desfiando…
E noite e dia, à chuva e ao luar,
Fui sempre caminhando e perguntando…

Mesmo a um velho eu perguntei: “Velhinho,
Viste o Amor por acaso em teu caminho?”
E o velho estremece…olhou…e riu…

Agora pela estrada, já cansados,
Voltam todos para trás desanimados…
E eu paro a murmurar: “Ninguém o viu!...


Florbela Espanca (Sonetos)
(Portugal  1894-1930)
photo by Google

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