13 de novembro de 2011

Vinícius de Moraes: Soneto da devoção

Essa mulher que se arremessa, fria
E lúbrica aos meus braços, e nos seios
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios.


Essa mulher, flor de melancolia
Que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todas a quem dei
Os carinhos que nunca a outra daria.

Essa mulher que a cada amor proclama
A miséria e a grandeza de quem ama
E guarda a marca dos meus dentes nela.

Essa mulher é um mundo! uma cadela
Talvez… mas na moldura de uma cama
Nunca mulher nenhuma foi tão bela!

Vinícius de Moraes
(Brasil  1913-1980)
photo by Google

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