20 de maio de 2012

Desencanto: Manuel Bandeira

Eu faço versos como quem chora
De desalento...de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.


Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai gota a gota, do coração.


E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.


Eu faço versos como quem morre.

Manuel Bandeira
(Brasil 1886-1968)

Sem comentários:

Enviar um comentário