13 de outubro de 2012

Dualidade: Laura Victoria


Eu própria não sei mas vencida
rendi ao seu orgulho minha virtude pagã,
e fui por um momento cortesã,
no sarcasmo da minha própria vida.

Com um beijo ausente refresquei a sua ferida,
absorta finji ser-lhe distante,
a sua vontade despedacei insconstante
e a sua paixão encontrou-me arrependida.

Foi um instante não mais. Prazer não existiu.
Mas a sua boca entre a minha boca sentiu
amor e angústia, languidez e olvido.

Sobre o cansaço estendi-me cobarde
e fui p ar a o  seu  desejo naquela tarde
tão grande e cruel como jamais tinha sido.

Laura Victoria
(Colômbia 1904-2004 México)
in Um país que sonha "Cem anos poesia colombiana"
Assirio &Alvim

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