28 de novembro de 2012

Minha desgraça, não, é ser poeta : Álvares de Azevedo

Minha desgraça, não, é ser poeta,
Nem na terra de amor não ter um eco,
E meu anjo de Deus, o meu planeta
Tratar-me como trata-se um boneco…

Não é andar de cotovelos rotos,
Ter duro como pedra o travesseiro…
Eu sei… O mundo é um lodaçal perdido
Cujo sol ( quem mo dera ) é o dinheiro…

Minha desgraça, ó cândida donzela,
O que faz que o meu peito assim blasfema,
É ter pena para escrever todo um poema,
E não ter um vintém para uma vela.

Alvares de Azevedo
(Brasil 1831 – 1852 )

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