7 de fevereiro de 2013

Para a sua Musa: Miguel Torga



Não queiras vir ao palco dos meus versos.
Revelar o teu nome era trair-te.
Nos bastidores, discreta,
Nenhuma glória poderá fugir-te,
Mesmo que fuja a glória do Poeta.

A terra és tu, e o lavrador é ele.
Deixa-o mostrar os frutos que tu deste.
Só na eterna penumbra do silêncio
Crescem mistérios e religiões.
O devoto só crê
E só leva orações
Aos deuses que não palpa e que não vê.


Miguel Torga
(Portugal 1907-1995)

Sem comentários:

Enviar um comentário