22 de abril de 2013

A boca : Eugénio de Andrade


A boca,


onde o fogo
de um verão
muito antigo

cintila,

a boca espera

(que pode uma boca
esperar
senão outra boca?)

espera o ardor
do vento
para ser ave,

e cantar.


Eugénio de Andrade
(Portugal 1923-2005)
In Poesia
Photo by Google

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