Quem bate à minha porta
Tão insistentemente
Saberá que está morta
A alma que em mim sente?
Será que eu a velo
Desde que a noite é entrada
Com o vácuo e vão desvelo
De quem não vela nada?
Saberá que estou surdo?
Porque o sabe ou não sabe,
E assim bate, ermo e absurdo,
Até que o mundo acabe?
Fernando Pessoa
(Portugal 1888-1935)
in Poesia 1930-1935
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