28 de abril de 2013

Quem bate à minha porta : Fernando Pessoa

Quem bate à minha porta
Tão insistentemente
Saberá que está morta
A alma que em mim sente?

Será que eu a velo
Desde que a noite é entrada
Com o vácuo e vão desvelo
De quem não vela nada?

Saberá que estou surdo?
Porque o sabe ou não sabe,
E assim bate, ermo e absurdo,
Até que o mundo acabe?


Fernando Pessoa
(Portugal 1888-1935)
in Poesia 1930-1935

Sem comentários:

Enviar um comentário