3 de maio de 2013

Teu seio nulo, porque não existes : Fernando Pessoa


Teu seio nulo, porque não existes,
Vénus Urania; nem teus braços são
Dos que as carícias cobiçadas dão
E os olhos que te buscam ficam tristes.
Não duram sóis os dias em que insistes
Com a tua ausência ideal do coração,
Mas amar-te é um dano e um perdão
E às nossas almas renovada assistes.
Cinge-me em sonhos teu destino raso
Como a malignidade de ter vida,
Sem consequência digna de ter prazo.


Fernando Pessoa
(Portugal 1888-1935)
“in Poesia 1918-1930”
photo by Google


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