29 de março de 2014

Francisco de Rioja: TISBE




                                 Tisbe ao amante, que em cadáver mira,
com temerosa mão o rosto toca,
limpa-o com o forro de sua touca,
sobre seus lábios desertos suspira.
     Enganada, supõe que ele respira,
e é o hálito de sua própria boca;
pensa em seu fim, o seu mestre invoca,
as mãos retorce, seus cabelos tira.
     Ninguém a ajuda em tanta desventura
senão a morte, oh caso lastimoso!
O peito lança à inimiga espada:
     pegou na mão de seu esposo, dura,
e olhou-se no leito pavoroso
donzela, viúva, morta e desposada.


Francisco de Rioja
Espanha (Sevilha)n1583-1659
in” Antologia da Poesia Espanhola
Siglo de Oro – 2ºvol. Barroco ”
Tradução: José Bento
Editor: Assirio & Alvim
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