1 de março de 2014

Herberto Helder: do tamanho da mão faço-lhes o poema da...





do tamanho da mão faço-lhes o poema da minha vida,

agudo e espesso,

pois aproveitou do que seria menstruo,

e crepita agora,

o poema das mãos conjuntas quando, ainda analfabetos,

procurando as putas futuras,

e estremecemos às vezes de sacra folia,

trançados entre as coxas,

debaixo das bocas habilíssimas,

límpidos, loucos,

e são linhas sem tropeço, de osso, nervo, sangue, sopro

¿ e qual matéria, e a razão, e a coesão, a força interna

do capitulo do assombro?





Herberto Helder

Portugal 1930

in " Servidões "
 Assirio & Alvim

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