Venho ao teu encontro a procurar,
bondade, um céu de camponeses,
altas árvores onde o sol e a chuva
adormecem na mesma folha,
Não posso amar-te mais,
luz madura, espaço aberto.
Não posso dar-te mais do que te dou:
sangue, insónias, telegramas, dedos.
Aqui estou, fronte pura, rodeado
de sombra, de soluços, de perguntas.
Aceita esta ternura surda,
este jasmim aprisionado.
Nos meus lábios, melhor: no fogo,
talvez no pão, talvez na água,
para lá dos suplícios e do medo,
tu continuas: matinalmente.
Eugénio de Andrade
Portugal (Castlo Branco) 1923-2005
in As palavras Interditas!
Até Amanhã
Editor: Assirio & Alvim
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