17 de fevereiro de 2015

Ana Luísa Amaral: Lua de papel






























Se eu cantasse o amor sem resultado ou causa,
seria mais sensata: chegava-me uma lua de papel,
um par de braços lisos, conformados

Se eu cantasse o amor sem causa ou resultado,
tinha muito mais paz: fingida em luas-cheias,
seria mais sensata e decerto poeta bem melhor

Assim o que me resta é lua a trans-
bordar de tridimensional. A paz a falhar toda
e eu resolvida em causa insistir papel. E amor.


Ana Luísa Amaral
Portugal (Lisboa) 1956
in Poesia Reunida
Editor: Edições Quasi
photo by google

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