6 de abril de 2015

Fernando Assis Pacheco: Seria o amor português

Muitas vezes te esperei, perdi a conta,
longas manhãs te esperei tremendo
no patamar dos olhos. Que importa
que batam à porta, façam chegar
jornais, ou cartas, de amizade um pouco
- tanto pó sobre os móveis tua ausência.

Se não és tu, que me importa?
Alguém bate, insiste através da madeira,
que me importa que batam à porta,
a solidão é uma espinha
insidiosamente alojada na garganta.
Um pássaro morto no jardim com neve. 



Fernando Assis Pacheco
Portugal (Coimbra) 1937-1995
in Poemas de Amor
Antologia de Poesia Portuguesa
Org: Inês Pedrosa
Publicações D. Quixote
photo by Google

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