6 de abril de 2015

Francisco de Aldana: Mil vezes digo...

     Mil vezes digo, ao ser abraçado
por Galateia, que é mais que o sol formosa,
e ela, olhando-me doce e desdenhosa,
murmura: « Tírsis meu, está calado.»
     Eu quero-lho jurar, entusiasmado,
e ela, encendida num matiz de rosa,
com um beijo mo impede, e pressurosa
tapa-me a boca com seu gesto amado.
     Com branda força, procuro soltar-me,
e ela afasta-me mais e diz-me logo:
« Não o jures, pois crer em ti me apraz.»
     Depois com tanta força encadear-me
tenta que Amor, presente ao doce jogo,
num desejo com obras satisfaz.


Francisco de Aldana
Espanha 1537-1577
in” Antologia da Poesia Espanhola
Siglo de Oro – 1ºvol. Renascimento”
Tradução: José Bento
Editor: Assirio & Alvim
photo by Tutt’ Art

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