24 de maio de 2015

Aquela nunca vista formosura: António Ferreira

 
Aquela nunca vista formosura,
Aquela viva graça e doce riso,
Humilde gravidade e alto aviso,
Mais divina que humana real brandura,


Aquela alma inocente e sábia e pura
Que entre nós cá fazia um paraíso,
Ante os olhos a trago e lá a diviso
No céu triunfar da morte e sepultura.

Pois por quem choro, triste? Por quem chamo
Sobre esta pedra dura a meus gemidos,
Que nem me pode ouvir nem me responde?

Meus suspiros nos céus sejam ouvidos;
E enquanto a clara vista se me esconde,
Seu despojo, amarei, amei e amo.



António Ferreira 
(Portugal 1528-1569  
 “in Poemas de Amor
Antologia de Poesia Portuguesa
Org. Inês Pedrosa 
Editor: Publicações D. Quixote
photo by Google

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