1 de julho de 2015

Amazónia: Lamento Amoroso

Não quero mulher que tenha
muito delgadas as pernas,
como venenosas serpes,
de medo que elas me apertem.

Não quero mulher que tenha
muito comprido o cabelo,
um molho de ervas espesso
onde acaso eu me perca.

Quando sem vida me veres,
sobre o meu corpo não choraes;
deixa que a águia ao ver-me
seja a única que me chore.

Quando sem vida me veres,
deita-me á floresta negra:
o tatu há-de vir ver
a cova onde meter-me



Amazónia
Séc. XVII-XVIII
Trad. Herberto Helder
In Rosa do Mundo – 2001 poemas para o futuro
Editor: Assirio & Alvim
Photo by Google 

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