27 de setembro de 2015

António Botto: Por uma noite de Outono

Por uma noite de outono
Lá nessa nave sombria,
Hei-de contigo deitar-me,
Mulher branca e muda e fria!

Hei-de possuir na morte
O teu corpo de marfim,
Mulher que nunca me olhaste,
Que nunca pensaste em mim...

E quando, no fim do mundo,
A trombeta, além, se ouvir,
Apertar-te-ei mais ainda,
- Não te deixarei partir!

A tua boca formosa
Será sempre dos meus beijos;
E o teu corpo a minha pátria,
A pátria dos meus desejos.




António Botto
Portugal, Concavada 1897
Brasil, Rio de Janeiro 1959
 in As canções de António Botto
Editor: Editorial Presença
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