6 de maio de 2022

Ana Cristina Cesar, Anônimo


 
Sou linda; quando no cinema você roça
o ombro em mim aquece, escorre, já não sei mais
quem desejo, que me assa viva, comendo
coalhada ou atenta ao buço deles, que ternura
inspira aquele gordo aqui, aquele outro ali, no
cinema é escuro e a tela não importa, só o lado,
o quente lateral, o mínimo pavio. A portadora
deste sabe onde me encontro até de olhos
fechados; falo pouco; encontre; esquina de 
Concentração com Difusão lado esquerdo de 
quem vem, jornal na mão, discreta.



Ana Cristina Cesar
Brasil, 1952-1983
in Antologia da Poesia Erótica Brasileira
Editor: Tinta da China
photo by Google

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