14 de junho de 2022

Joan Salvat-Papasseit: Dá-me a tua mão


 
Dá-me a tua mão que iremos pela margem
     mesmo à beira-mar
                                a latejar
saberemos a medida de todas as coisas
dizendo apenas que ainda nos amamos.

As barcas longínquas e as da areia
ficarão com ar fiel e discreto,
     não olharão para nós;
           procurarão novas rotas
com olhar lento de quem percebe, distraído.

Dá-me a mão e encosta a tua face
ao meu peito, e não temas ninguém.
E as palmeiras dar-nos-ão a sombra.
E as gaivotas o sol que brilha

trar-nos-ão o salobre que impregna,
no amor, tudo o que há junto ao mar:
e, então, eu beijarei a tua face;
e o beijo levar-nos-á ao jogo de amar.

Dá-me a mão que iremos pela margem
     mesmo à beira-mar
                                 a latejar
saberemos a medida de todas as coisas
dizendo apenas que ainda nos amamos.




Joan Salvat-Papasseit
Espanha, 1894-1924
in resistir ao Tempo - Antologia da Poesia Catalã
Editor: Assírio & Alvim
photo by Google

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