31 de outubro de 2011

Seus olhos : Almeida Garret

Seus olhos – se eu sei pintar
O que os meus olhos cegou –
Não tinham luz de brilhar.
Era chama que queimar;
E o fogo que a ateou
Vivaz, eterno, divino,
Como facho do destino.

Divino, eterno! – e suave
Ao mesmo tempo: mas grave
E de tão fatal poder,
Que, um só momento que a vi,
Queimar toda a alma senti…
Nem ficou mais de meu ser,
Senão a cinza em que ardi.




Almeida Garret

(Portugal 1799-1854)
photo by Google

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