2 de novembro de 2011

Festejo o teu corpo : Joaquim Pessoa


Festejo o teu corpo com uma chuva de lâmpadas
e rosas clandestinas.

E amo-te

Incendiando nas praias do meu sangue
esses pássaros que nascem no teu peito
e fazem ninho nas minhas mãos abertas.

Assim me desesperas e fascinas.

E tudo em mim estremece. Tudo se desenraíza
como as grandes árvores que a tempestade sacode
e arranca no inverno, investindo sobre elas
com os seus cabelos de água, os seus cornos vermelhos.

Ó meu amor, meu amor, meu amor,
morro nos teus braços e renasço em ti
para de novo procurar-te em todos os minutos
percorrendo todos os rios, todas as aldeias do teu corpo
até chegar à tua boca, cheio de sede, ávido de ti,
depois de me perder no deserto branco da tua pele.

Amanheço sem rosto e sem braços, completamente nu,
deixando que doas em mim como um mistério
como se o teu ventre pudesse ser a minha boca
como se eu nascesse em ti para te amar e me esquecer.

Ó meu amor, meu amor, meu amor

Joaquim Pessoa
(Portugal)

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