17 de novembro de 2011

Realidade: Florbela Espanca

                      
Em ti o meu olhar fez-se alvorada
E a minha voz fez-se gorjeio de ninho…
E a minha boca rubra apaixonada
Teve a frescura pálida do linho…

Embriagou-me o teu beijo como um vinho
Fulvo de Espanha, em taça cinzelada…
E a minha cabeleira desatada
Pôs a teus pés a sombra dum caminho…

Minhas pálpebras são cor de verbena,
Eu tenho os olhos garços, sou morena,
E para te encontrar foi que eu nasci…

Tens sido vida fora o meu desejo
E agora que te falo, que te vejo,
Não sei se te encontrei…se te perdi…

 Florbela Espanca
(Portugal 1894-1930)
photo by Google

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