3 de novembro de 2011

Soneto IV : Bocage

Arreitada donzela em fofo leito
deixando erguer a virginal camisa,
sobre as roliças coxas se divisa
entre sombras subtis pachocho estreito:

De louro num circulo imperfeito
os papudos beicinhos lhe matiza;
e a branca crica nacarada e lisa,
em pingos verte alvo licor desfeito:

A voraz porra as guelras encrespando
arruma a focinheira, e entre gemidos
a moça treme, os olhos requebrando:

Como é ainda boçal perde os sentidos;
porém vai com tal ânsia trabalhando,
que os homens é que vêm a ser fodidos.

Manuel Maria Barbosa du Bocage
(Portugal 1765-1805)
photo by Google

Sem comentários:

Enviar um comentário