Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

3 de novembro de 2011

Soneto IV : Bocage

Arreitada donzela em fofo leito
deixando erguer a virginal camisa,
sobre as roliças coxas se divisa
entre sombras subtis pachocho estreito:

De louro num circulo imperfeito
os papudos beicinhos lhe matiza;
e a branca crica nacarada e lisa,
em pingos verte alvo licor desfeito:

A voraz porra as guelras encrespando
arruma a focinheira, e entre gemidos
a moça treme, os olhos requebrando:

Como é ainda boçal perde os sentidos;
porém vai com tal ânsia trabalhando,
que os homens é que vêm a ser fodidos.

Manuel Maria Barbosa du Bocage
(Portugal 1765-1805)
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