Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

20 de novembro de 2011

Manuel José Othon: Soneto

É o meu adeus! Adiante vais, austera,
pelas planícies que o calor escalda,
por teus cabelos soltos reverbera
a luz - a maldição que se desfralda!

Em minhas vãs angustias... Que me espera?
Ao longe, és como fúnebre grinalda
numa desolação de primavera,
numa funda tristeza, de esmeralda.

O terramoto humano, num momento,
destruiu meu coração - oh ruína estranha!
Maldito seja, pois, o pensamento!

Ainda te avisto, dolorosamente...
Sigo teu vulto, como se acompanha
o que foge e se afasta eternamente...


Manuel José Othon
(México 1858-1906)
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