Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

12 de novembro de 2011

Luis de Camões: Lusiadas Canto IV



 (...)
Mas os fortes mancebos (...) vão topar
Com as Deusas despidas que se lavam;
Elas começam de súbito a gritar,
Como se tal assalto não esperassem.
Umas fingindo menos estimar
A vergonha que à força, se lançavam
Nuas por entre o mato, aos olhos dando
O que ás mãos cobiçosas vão negando.

Oh, que famintos beijos na floresta!
E que mimoso choro suava!
Que afagos tão suaves! Que ira honesta,
Que em risinhos alegres se tornava
O que mais passam na manhã e na sesta,
Que Vénus com prazeres inflamava,
Melhor é experimentá-lo que julga-lo,
Mas julgue-o quem não pode experimenta-lo.
(...)
Luis de Camões
(Portugal  1524-1580)

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