(...)
Mas os fortes mancebos (...) vão topar
Com as Deusas despidas que se lavam;
Elas começam de súbito a gritar,
Como se tal assalto não esperassem.
Umas fingindo menos estimar
A vergonha que à força, se lançavam
Nuas por entre o mato, aos olhos dando
O que ás mãos cobiçosas vão negando.
Oh, que famintos beijos na floresta!
E que mimoso choro suava!
Que afagos tão suaves! Que ira honesta,
Que em risinhos alegres se tornava
O que mais passam na manhã e na sesta,
Que Vénus com prazeres inflamava,
Melhor é experimentá-lo que julga-lo,
Mas julgue-o quem não pode experimenta-lo.
(...)
Luis de Camões
(Portugal 1524-1580)
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