Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

3 de julho de 2015

Provençal, Anónimo: Balada (Língua d’Oc)

Sou graciosa, por isso estou em grande coita
por meu marido que não quero nem desejo 
          
E dir-vos-ei porque estou apaixonada         

Sou graciosa…
Pois sou pequena menina e moça

Sou graciosa…
E devia ter um marido que me desse alegria
Com quem sempre pudesse brincar e rir

Sou graciosa…
Que Deus me salve se estou apaixonada por este
De o amar não tenho nenhum desejo
Antes me vem tal vergonha quando o vejo
Que peço à Morte que o mate cedo.

Mas a uma coisa estou bem decidida
Pois me compensa o amor do meu amigo
Na doce esperança a quem me entreguei
Choro e suspiro quando não posso vê-lo

E dir-vos-ei que estou decidida:
Pois meu amigo me ama há tanto tempo
Desde já lhe será meu amor concedido
E a doce esperança que tanto amo e desejo.

Com este som faço uma bela balada
E peço a todos que seja longe cantada
E que a cante toda a dama ensinada
Sobre o amigo que eu tanto amo e desejo.

Sou graciosa e estou em grande coita
por meu marido que não quero nem desejo.



Anónimo
Provençal, Séc. XIII
Trad. Irene Freire Nunes
in Rosa do Mundo – 2001 poemas para o futuro
Editor: Assirio & Alvim

photo by Google

Isobel, Condessa de Argyll: Os Amantes Apartados


Eu sei de um jovem que é meu desejo.
Oh Rei dos Reis ! Fazei que ele venha sem mais demora.
Eu só o quero bem enlaçado contra o meu seio
Com o seu corpo bem apoiado na minha pele.

Se a vida fosse como eu a quero
Longe de mim e eu longe dele nunca seríamos.
Sinais não vejo da sua chegada
E ele não sabe como eu o quero e é meu desejo.

No mundo não há maior tristeza que nós os dois
Pois o seu barco voga e navega longe de casa
No seu caminho do oriente; minha morada é ocidente.
Eu o desejo e ele me quer e a vida é desejos vãos.



Isobel, Condessa de Argyll
Cultura Celta Séc. XV
Trad. Irene Freire Nunes
in Rosa do Mundo – 2001 poemas para o futuro
Editor: Assirio & Alvim

photo by Google

Cultura Celta, Anónimo: Afasta de mim esses lábios


Guarda para ti esse teu beijo
Menina virgem dos dentes brancos!
Nesse teu beijo eu gosto não acho
Longe de mim guarda teus lábios.

Mais doce que o mel um beijo eu tive
De mulher casada que o deu por amor.
Até que se acabem o mundo e os dias
Beijo de gosto só esse terei; esse e não outro.

Até que a veja tal como é em sua pessoa
Por obra e graça do filho de Deus
Outras mulheres novas e velhas não hei-de amar
Pois que o seu beijo é como é, foi e será.


Anónimo
Cultura Celta Séc. XV/XVI
Trad. José Domingos Morais
in Rosa do Mundo – 2001 poemas para o futuro
Editor: Assirio & Alvim
photo by Google

2 de julho de 2015

Argélia: Canção da Cabília

 
Leve, aparece na dança –
e ninguém lhe sabe o nome.
Vai e vem entre os seus peitos
um amuleto de prata.

Mergulha fundo na dança.
Tilintam em seus artelhos
Muitas argolas de prata.

- Foi por ela que vendi
um pomar de macieiras.

Ela cai dentro da dança,
e abrem-se ao meio os cabelos.

- Foi por ela que vendi
o meu olival antigo.

Vai até ao centro da dança.
Cintila, vivo, um colar.

- Foi por ela que vendi
o meu campo de figueiras.

E no coração da dança
todo um sorriso enflora.

- Foi por ela que vendi
um milhão de laranjeiras.



Argélia
Séc. XVII?
Trad. Herberto Helder
in Rosa do Mundo – 2001 poemas para o futuro
Editor: Assirio & Alvim

Photo by Google 

Ben Baqui: CENA DE AMOR



Enquanto a noite arrastava a sua cauda de sombra
dei-lhe de beber vinho escuro e espesso como o pó de almíscar
E estreitei-a contra mim como um guerreiro estreita a espada
e as suas tranças pendiam dos meus ombros como talins

Quando por fim se rendeu ao sono afastei-a de mim
Afastei-a do meu peito
para que não adormecesse sobre uma almofada palpitante



Ben Baqui
Cultura Árabe, Andaluzia Séc. XII
Trad. Irene Freira Nunes
in Rosa do Mundo – 2001 poemas para o futuro
Editor: Assirio & Alvim
photo by Google

Egipto: Vem depressa para junto do teu amor


Vem depressa para junto do teu amor,
Como o mensageiro real obedecendo à
Impaciência do seu amo – quer dizer, se
se acreditar num mensageiro real.

Vem depressa,
Tens toda a coudelaria à disposição,
A carruagem pronta.

Nem o mais impetuoso dos cavalos
- Quando a encontrares –
Se aproximará da velocidade do teu coração.



Egipto  1567-1085 a.C.
Trad. Helder Moura Pereira
in Rosa do Mundo – 2001 poemas para o futuro
Editor: Assirio & Alvim
photo by Google

Egipto: Ela é uma colecionadora de homens


Ela é uma colecionadora de homens.

Tão eficaz como o colector de impostos e o seu laço
Perseguindo o gado de qualquer pobre lavrador.

Prendeu-me com o olhar,
Anestesiou-me com o seu perfume,
Por fim enlaçou-me com os seus longos e escuros cabelos.

Assim me marcou ela
Com o seu ferrete de fogo.



Egipto  1567-1085 a.C.
Trad. Helder Moura Pereira
in Rosa do Mundo – 2001 poemas para o futuro
Editor: Assirio & Alvim
photo by Google

Egipto: A andorinha canta: “Aurora”


A andorinha canta “Aurora,
Para onde se foi a Aurora?”

Assim vai também a minha noite feliz
O meu amor na cama ao meu lado.

Imagine-se a minha alegria ouvindo o seu murmúrio:
“Jamais te deixarei”, disse-me.
“ Com a tua mão na minha passearemos
Por todos os mais belos caminhos.”

Demais a mais ele quer que o mundo saiba
Que de entre todas as mulheres sou a primeira
E que o meu coração nunca mais há-de ficar triste.



Egipto  1567-1085 a.C.
Trad. Helder Moura Pereira
in Rosa do Mundo – 2001 poemas para o futuro
Editor: Assirio & Alvim
photo by Google

Egipto: Um botão de lótus a sua beleza




Um botão de lótus a sua beleza
e de frutos o seu peito.

O seu rosto é como uma armadilha numa floresta de meryus
E  eu, um pobre ganso selvagem
Um pobre ganso selvagem que põe a cabeça dentro de água
Para morder o isco.



Egipto  1567-1085 a.C.
Trad. Helder Moura Pereira
In Rosa do Mundo – 2001 poemas para o futuro
Editor: Assirio & Alvim
Photo by Google

………………………………………………………………………………………………………………

Egipto: Tê-la visto

Tê-la visto
Tê-la visto aproximar-se
Com tanta beleza é
Alegria para sempre no meu coração.
Nem o tempo eterno pode retirar-me
 Aquilo que ela me trouxe.



Egipto  1567-1085 a.C.
Trad. Helder Moura Pereira
in Rosa do Mundo – 2001 poemas para o futuro
Editor: Assirio & Alvim
photo by Google

Egipto, Anónimo (Séc. XI a. C.): Canções Egípcias

Ela:
Meu amado
como é doce banhar-me perante ti
deixar que a minha nudez se revele
              por baixo da 
                                   túnica molhada
Mergulhar contigo
              e voltar a emergir
com um bonito peixe vermelho
                                     entre os dedos


Ele:
Quando ela me acode
              com os braços abertos
um perfume delicioso e estranho
                                       me envolve
como se tivesse chegado agora
                                   da longínqua Punt
E quando a vejo
                         o fogo sobe-me à cabeça
e sinto-me bêbedo
                              sem ter bebido


Ela:
O teu amor penetra o meu corpo
como o vinho a água
quando a água e o vinho se misturam



Anónimo
Egipto Séc. XI a.C.
Trad. Jorge Sousa Braga
in Rosa do Mundo – 2001 poemas para o futuro
Editor: Assirio & Alvim

photo by Google

Egipto (1567-1085 a. C.): Conversas na corte (completo)

























Diz Ele:
Amada, és única, de ti não se fez duplicado,
Com mais encanto do que todas as mulheres,
 luminosa, perfeita,
Uma estrela que desce sobre o horizonte pelo novo ano,
um bom ano,
Esplêndida nas cores que traz
e de sedução a cada olhar.
Os seus lábios são encantamento,
o seu pescoço tem o tamanho certo
e os seios uma maravilha;
O seu cabelo lápis-lazúli a brilhar,
os seus braços de mais esplendor que o oiro.
Os seus dedos fazem-me ver pétalas,
as do lótus são assim.
As suas ancas foram modeladas como deve ser,
as suas pernas acima de outra beleza qualquer.
Nobre a forma como anda
(vera incesso)
Meu coração seu escravo ficaria se a mim se abrisse.
As cabeças voltam-se – por culpa sua –
para a seguirem com o olhar.
Afortunado o que a puder abraçar plenamente;
será o número um entre todos os jovens amantes.
Deo mi par esse
Todo o olhar a vai seguindo
mesmo quando já desapareceu fora do alcance

Singular deusa,
sem igual.


Diz Ela:
A sua voz perturba o meu coração,
Por sua culpa é que eu sofro.
O vizinho de minha mãe!
Mas não posso vê-lo,
Porque terá ela de me irritar?


Mãe:
Oh, para de falar nesse indivíduo,
só de pensar nele fico revoltada.


Ela:
Sinto-me aprisionada porque o amo.


Mãe:
Mas não passa de um miúdo, nada tem na cabeça.


Ela:
É como eu, eu também sou assim
e nem ele sabe como desejo enlaça-lo num abraço.
ISSO sim, havia de pôr minha mãe a falar…
Pudesse a deusa de oiro decidir
fazer dele o meu destino.

Vem para onde te possa ver.
Meu pai e minha mãe hão-de ficar contentes
Porque toda a gente diz bem de ti
E também eles hão-de vir a dizer.


Diz Ela:
Quis sair e vir a este sítio tão bonito
para descansar um pouco,
Mas lá vem o Mehy na sua carruagem
com mais uns quantos jovens,
Como evitá-los?

Poderei passar por ele
 como se nada fosse?
Oh, o rio é a única saída
mas não sei andar sobre a água.

A confusão que vai na minha alma.
Ao passar por ele revelaria o meu segredo,
diria a verdade dos meus segredos; diria:
Sou tua!

E ele havia de pronunciar o meu nome e
passar-me a cada um dos que quisessem
somente passar um bom bocado.


Diz Ela:
O meu coração rebenta quando penso em como o amo,
Não sou capaz de me comportar como outra
pessoa qualquer.
Ele, o coração, está em desordem
Não me deixa escolher um vestido
ou esconder-me atrás de um leque.
Não consigo pôr pintura nos olhos
nem optar por um perfume.

«Não pares, entra dentro da casa.»
Foi o que disse o coração uma vez,
E ainda diz sempre que penso no amado.
Não me faças fazer figuras, coração meu.
Por que és tão idiota?
Aquieta-te! Mantém-te calmo
e ele há-de vir ter contigo.
A minha cautela não permitirá que as pessoas digam:
A rapariga está perturbada de amor.
Quando te lembrares dele
sê firme e forte,
não me abandones.


Diz Ele:
Adoro a Deusa que brilha como o oiro,
Hathor, a poderosa,
e eu louvo-a.

Exalto a Senhora dos Céus,
dou graças à Padroeira.
Ela ouviu-me a invocá-la
e pôs no meu destino a minha amada,
a que veio por sua vontade procurar-me.
A felicidade que com ela chegou!
Levanto-me exultando
de alegria
e de jubilo enquanto digo:
Ora
Observai.
Vede bem!
Os rapazes deitam-se-lhe aos pés.
O amor respira dentro deles.
Presto homenagem à minha deusa,
porque me deu, só a mim, esta rapariga.
Desde há três dias eu oro,
pronunciando o  seu nome.
Por cinco dias me deixou.


Diz Ela:
Fui a sua casa, a porta estava aberta.
O meu amado estava ao lado da mãe
com irmãos e irmãs à volta.
Toda a gente que passa sente simpatia por ele,
um excelente rapaz, não há nenhum como ele,
um amigo de raras qualidades.
Olhou para mim quando eu passei
e o meu coração rejubilou.
Se a minha mãe soubesse em que estou a pensar
havia de ir logo falar com ele.

Ó Deusa da luz de Oiro,
faz com que lhe chegue esse pensamento,
Então poderia visitá-lo
E pôr-lhe os braços à volta à vista das outras pessoas
E sem chorar por causa da multidão,
Mas contente por saberem
e por tu saberes de mim.
As homenagens que eu não prestaria à minha Deusa,
O meu coração revolta-se de pensar em partir,
Pudesse eu ver o meu amor esta noite.


Diz Ele:
Ontem. Sete dias e eu sem a ver.
A minha doença cresce;
pesados membros!
Já não me conheço.
O alto sacerdote não é medicina, o exorcismo é inútil:
uma doença sem explicação.


Disse eu: Ela fará com que eu viva,
o seu nome fará com que me erga,
As suas mensagens são a vida do meu coração
chegando e partindo.
A minha amada é a melhor medicina,
mais do que qualquer farmacopeia.
A minha saúde está em vê-la aparecer,
Ficarei curado mal a veja.
Abra ela os meus olhos
e os meus membros retomarão a vida;
Basta que fale e a minha força voltará.
Abraçá-la fará desaparecer a minha doença.
Sete dias e
ela abandonou-me.



Egipto 1567-1085 a.C.
Trad. Helder Moura Pereira
In Rosa do Mundo – 2001 poemas para o futuro
Editor: Assirio & Alvim
Photo by Google

1 de julho de 2015

Egipto: Tu és minha, meu amor



















Tu és minha meu amor,
O meu coração esforça-se para alcançar o cimo do teu amor.
Vê, encanto, a armadilha que montei com as minhas
próprias mãos.

Vê os pássaros de Punt,
Perfume de asas
Como chuva de mirra
Caindo sobre o Egipto.

Vamos ver o trabalho que as minhas mãos fizeram,
Vamos os dois, juntos por esses campos.



Egipto  1567-1085 a.C.
Trad. Helder Moura Pereira
in Rosa do Mundo – 2001 poemas para o futuro
Editor: Assirio & Alvim
photo by Google

Povo Índio, América do Norte: Dons do Amante




























Sobre a tua cabeleira hei-de pôr, para as núpcias,
uma coroa de borboletas com suas
asas pintadas

Terás de volta ao pescoço flores de abóbora,
em prata,
e a lua que para ti noites e noites forjei.

Andarás pelo povo sobre um cavalo em turquesa.
Um cavalo ardente e leve, animado
pelo meu fogo de amor.

E a teus pés eu lançarei uma pedra quente  quente:
o coração onde correm
milhões de gotas de sangue.



Povo Índio
América do Norte
Séc. XVIII-XIX
Trad.Herberto Helder
In Rosa do Mundo – 2001 poemas para o futuro
Editor: Assirio & Alvim
photo by Google 

Amazónia: Lamento Amoroso

Não quero mulher que tenha
muito delgadas as pernas,
como venenosas serpes,
de medo que elas me apertem.

Não quero mulher que tenha
muito comprido o cabelo,
um molho de ervas espesso
onde acaso eu me perca.

Quando sem vida me veres,
sobre o meu corpo não choraes;
deixa que a águia ao ver-me
seja a única que me chore.

Quando sem vida me veres,
deita-me á floresta negra:
o tatu há-de vir ver
a cova onde meter-me



Amazónia
Séc. XVII-XVIII
Trad. Herberto Helder
In Rosa do Mundo – 2001 poemas para o futuro
Editor: Assirio & Alvim
Photo by Google 

Tribo Kwakiutl: Canto de amor de um jovem


Cada vez que como, como a dor do teu amor.
Cada vez que tenho sono, sonho com o teu amor.
Cada vez que estou em casa deitado de costas, estou deitado
sobre a dor do teu amor.
Cada vez que ando, ponho o pé sobre a dor do teu amor.



Tribo Kwakiutl
América do Norte
Séc. XVIII-XIX
Trad.Herberto Helder
In Rosa do Mundo – 2001 poemas para o futuro
Editor: Assirio & Alvim

Photo by Google 

Etiópia, Oromo: Copla de Amor

Se eu fosse um touro,
Um touro, um belo touro,
Belo mas teimoso,
O mercador comprar-me-ia.

Comprar-me-ia e matar-me-ia,
Esticaria a minha pele,
Levar-me-ia para o mercado.

A mulher grosseira tentaria negociar-me em vão,
A bela rapariga comprar-me-ia;
Amassaria aromas sobre mim.

Eu passaria a noite enrolado à sua volta;
Eu passaria a tarde enrolado à sua volta.
O seu marido diria: «é uma pele morta»!
Mas eu estaria junto do meu amor.


Etiópia, Oromo
Séc. XVII?
Trad. Jorge Henrique Bastos
In Rosa do Mundo – 2001 poemas para o futuro
Editor: Assirio & Alvim
photo by Google 

América do Sul, Quíchuas: Canção

Bela flor, longos cabelos,
moça com olhos de sombra,
flor de neve sempre branda,
dentes frios, rubra boca.

Cansado de tanto andar,
Chega o teu amado agora.
Que o coração se te alegre!
Quem te deu dor vai-se embora.

A água clara que corre,
tal como se vê agora,
assim é que há-de bailar
roda a gente à tua volta


América do Sul, Quíchuas
Séc. XVI-XVII
Trad. Herberto Helder
In Rosa do Mundo – 2001 poemas para o futuro
Editor: Assirio & Alvim
Photo by Google 

Jiang Jie: A bela de Yu

 Quando era novo, ouvia a chuva
Acompanhado por bailarinas,
As velas tremulando, no vermelho
das cortinas de cama.
Depois, ouvia nos barcos errantes,
Nos imensos rios, sob nuvens baixas,
No vento de Oeste – lá onde
Grita o ganso selvagem.

Ouço-a agora junto à cabana dos monges,
Com prata nos cabelos,
Tristeza, alegria, ausência, encontro –
Passam, indiferentes.
Que ela tombe – a chuva, sobre os degraus,
Gota a gota, a noite inteira, até ser dia.



Jiang Jie
China 1245-1310
Trad. Gil de Carvalho
in Rosa do Mundo – 2001 poemas para o futuro
Editor: Assirio & Alvim
Photo by Google