Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

2 de julho de 2015

Egipto, Anónimo (Séc. XI a. C.): Canções Egípcias

Ela:
Meu amado
como é doce banhar-me perante ti
deixar que a minha nudez se revele
              por baixo da 
                                   túnica molhada
Mergulhar contigo
              e voltar a emergir
com um bonito peixe vermelho
                                     entre os dedos


Ele:
Quando ela me acode
              com os braços abertos
um perfume delicioso e estranho
                                       me envolve
como se tivesse chegado agora
                                   da longínqua Punt
E quando a vejo
                         o fogo sobe-me à cabeça
e sinto-me bêbedo
                              sem ter bebido


Ela:
O teu amor penetra o meu corpo
como o vinho a água
quando a água e o vinho se misturam



Anónimo
Egipto Séc. XI a.C.
Trad. Jorge Sousa Braga
in Rosa do Mundo – 2001 poemas para o futuro
Editor: Assirio & Alvim

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