Na vida após vida, em eras após eras eternamente.
O meu coração enfeitiçado fez e voltou a fazer o colar das canções
Que tomaste como uma prenda, usando-o à volta do pescoço de
tantas e tantas formas.
Na vida após vida, em eras após eras eternamente.
Sempre que oiço as antigas crónicas do amor, a sua antiga dor,
O seu antigo conto de estar só ou acompanhado,
Quando contemplo o passado, no fim tu apareces
Vestida com a luz da Estrela Polar que trespassa a escuridão do tempo:
Tornas-te uma imagem do que é recordado sempre.
Tu e eu flutuámos aqui na corrente que traz da nascente
Para o coração do tempo o amor de um pelo outro.
Representámos lado a lado milhões de amantes, partilhando
A mesma tímida doçura do encontro, as mesmas amarguradas
lágrimas do adeus -
Antigo amor, mas renovando-se e renovando-se sempre.
Hoje ele acumulou-se aos teus pés, encontrando o seu fim em ti,
O amor de todos os dias, de todos os homens, do passado e de sempre:
Universal Alegria, universal mágoa, universal vida,
As recordações de todos os amores surgindo com este nosso amor -
E as canções de todos os poetas do passado e de sempre.
Rabindranath Tagore
(India 1861-1941)
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