Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

20 de novembro de 2011

Soror Juana Inés de La Cruz: Soneto

Rosa divina que em gentil cultura
és, com a tua fragrante sutileza,
magistério purpúreo da beleza,
alva lição de excelsa formosura;

há em ti como que humana arquitetura,
exemplo de uma ingênua e vã nobreza,
em cujo ser fundiu a natureza
o berço alegre e a triste sepultura.

Altiva em tua pompa presumida,
soberba, a morte afrontas, não te inclinas,
mas logo, desmaiada e emurchecida,

teu ser desfaz-se todo em tristes ruínas!
E assim, com douta morte e fútil vida,
vivendo enganas e morrendo ensinas!


Soror Juana Inés de La Cruz
(México - 1651-1695)
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