nos braços, com brandura gasalhosa;
todas as noites eu adormecia,
sentindo-a desleixada e langorosa.
Todas as noites uma fantasia
lhe emanava da fronte imaginosa;
todas as noites tinha uma mania
aquela concepção vertiginosa.
Agora, há quase um mês, modernamente,
ela tinha um furor dos mais soturnos,
furor original, impertinente...
Todas as noites ela, ó sordidez!,
descalçava-me as botas, os coturnos
e fazia-me cócegas nos pés...
Cesário Verde
(Portugal 1855-1886)
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