Nesse pais de sombra onde se calam as palavras.
Ai no escuro lago onde estremece a flor da
amendoeira e onde vão morrer todos os cisnes.
Eu desvendo a tua dor o teu mistério
de caminhares assim calada e triste,
quando viajo em ti com as mãos nuas e o coração
louco no mais fundo de ti, onde só tu existes.
Oh, eu percorro as tuas coxas devagar
dobrando-as lentamente contra o peito
e penetro em delírio a tua noite
e penetro em delírio a tua noite
esporeando éguas no teu sangue.
Joaquim Pessoa
Portugal, 1948
in Os Olhos de Isa
Editor: Litexa Editora
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