Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

16 de novembro de 2011

Joaquim Pessoa: Porque escondes tu a noite no teu ventre

Porque escondes tu a noite no teu ventre?
Nesse pais de sombra onde se calam as palavras.
Ai no escuro lago onde estremece a flor da
amendoeira e onde vão morrer todos os cisnes.

Eu desvendo a tua dor o teu mistério
de caminhares assim calada e triste,
quando viajo em ti com as mãos nuas e o coração
louco no mais fundo de ti, onde só tu existes.

Oh, eu percorro as tuas coxas devagar
dobrando-as lentamente contra o peito
e penetro em delírio a tua noite
esporeando éguas no teu sangue.



Joaquim Pessoa
Portugal, 1948
in Os Olhos de Isa
Editor: Litexa Editora
photo by Google


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