Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

16 de novembro de 2011

Poesia: Fernando Pessoa


Dá a surpresa de ser
É alta, de um louro escuro
Faz bem só pensar em ver
Seu corpo meio maduro

Seus seios altos parecem
(Se ela estivesse deitada)
Dois montinhos que amanhecem
Sem ter que haver madrugada

E a mão do seu braço branco
Assenta em palmo espalhado
Sobre a saliência do flanco
Do seu relevo tapado.

Apetece como um barco
Tem qualquer coisa de gomo
Meu Deus, quando é que embarco?
Ó fome, quando é que eu como?


Fernando Pessoa
(Portugal 1888-1935)
photo by Google

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