Carta de apresentação


O SECRETO MILAGRE DA POESIA

Sentimo-nos bem com seu contacto.
Disertamos sobre as suas maravilhas.
Auscultamos pequenas portas do seu mistério
e chegamos a perder-nos com prazer
no remoínho do seu interior.
Apercebemo-nos das suas fragilidades e manipulações.
Da sua extrema leveza.
Do silêncio de sangue e da sua banalização.

Excerto

in Rosa do Mundo

3 de novembro de 2011

José Régio: Soneto de amor


Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma…Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.

Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se buscam desvairadas…
E que os meus flancos nus vibram no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.

E em duas bocas uma língua…- unidos
Nós trocaremos beijos e gemidos
Sentido o nosso sangue misturar-se.

Depois…- abre os teus olhos minha amada
Enterra-os bem nos meus, não digas nada…
Deixa a vida exprimir-se sem disfarce!

José Régio                                                  E entre os seios
(Portugal 1901-1969)  
photo by Google                                                                          me apertes sem receio...

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