20 de novembro de 2011

Luiz Ruiz Contreras: Soneto

Não, não temas... Que a minha boca impura
nada dirá do que meu peito sente,
não, não receies que meu beijo ardente
possa manchar-te a virginal brancura!

Nem temas ver em torno da cintura

meu braço - como astuta e vil serpente
nem que teus puros sonhos de inocente
destruam seu cantar, minha loucura.

Ah! meus olhos, no entanto, consumidos

ao fogo dos tens olhos, meu desejo
atiçam, loucos, num incêndio mudo,

tua imagem levando aos meus sentidos...

E eu te possuo com o olhar, te beijo!
E tu sorris, amor... e ignoras tudo!


Luiz Ruiz Contreras
(España  1863-1953)
Photo by Google

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