24 de fevereiro de 2012

Os cabelos: Maria Teresa Horta

O peso vegetal
da noite aos cabelos

do mar que se insinua
na flor
dos cabelos

Depois há a memória
os dedos
a palma quente

o pulso que se insinua
a fita que se desprende

A nudez     o rio
o risco
o traço laçado sempre

o ritual dos ombros
e nos cabelos
a sede

os goivos brandos
da seda
dos cabelos

Tão pouco as mãos
desmancham
ou descuram

tomam e imobilizam
no jaspe
da moldura

Da maciez cantada
dos cabelos

permanece a cor
deles nascendo
o metal das horas

O novelo do tempo
um odor de fruto
que perdura

pérola de novo
ou ametista
pura

Maria Teresa Horta in As Palavras do Corpo
(Portugal)

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