14 de abril de 2013

Espera: José Núncio


A tarde escorrega lentamente
para o rio.
Como uma chama débil
respira o acenar dos choupos.
As palavras,
por detrás do dique,
não resvalam pelas espáduas,
nem os lábios
desaguam nos teus seios.
Sobre algodão em rama,
à escuta,
impaciente
e frágil,
aguardo a minha espera.
O silêncio tem só a espessura de um cabelo.


José Núncio
(Portugal 1938-2006)
in Lunações Íntimas

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