30 de novembro de 2014

Leonor Scliar-Cabral: Iemandite



Emerge em névoa e balança os seios
e sobre a espuma a flotar em flocos
repete múrmura ao seu amante:
Vem, meu amado.

conduz-me firme, a cintura e cinge,
mistura o sémen ao sal e às algas
e ao vai-e-vem em transporte singra,
mar que me afoga

Morrer eu quero, morrer de amor,
fluctivagando corcéis fogosos,
colhendo salvas recém jogadas
como oferenda

por quem da praia lançou-me rosas.
O espinho sangra e os deuses choram.
Serão eternas tão breves as ondas
e o seu marulho.


Leonor Scliar-Cabral
Brasil (Porto Alegre) 1929
in Antologia de Poetas Brasileiros
Seleção: Mariazinha Congílio
Editor: Universitária Editora
photo by google

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