Lembras-te, Amor? No alvor do casamento
Baixou sobre nós dois a luz dos céus.
Nossos olhos beijaram-se um momento;
E fizemos, então, o juramento:
- Só um do outro e os dois de Deus!
Lutei para cumprir o prometido.
Meu corpo e a minha alma são só teus.
Quando a voz das paixões me traz vencido,
A voz do amor segreda-me ao ouvido;
- Só um do outro e os dois de Deus!
À minha volta soa, noite e dia,
A risada escarninha dos ateus…
Cravam-se os estiletes da ironia;
Eu calo, e rezo a minha litania:
- Só um do outro e os dois de Deus!
Cerca-me a tentação, velha serpente
Escondem-me o horizonte magros véus,
Que importa meu Amor? Teimosamente,
Hei-de gritar à vida, frente a frente:
- Só um do outro e os dois de Deus!
E amanhã, quando a morte, de mansinho,
Vier pedir ao mundo o nosso adeus,
Hão-de os anjos cantar, devagarinho:
- Terão na eternidade um só caminho,
pois são um do outro e os dois de Deus!
Miguel Trigueiros
(Portugal)
3 comentários:
Este poema foi-me oferecido nos anos 70, não pode ser de 2011!
Sim, eu também já conheço este poema desde o início dos anos 90!!
2011 é a data de publicação neste blog.
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