
No rosto a marca do eterno
na mão a lanterna bíblica
no peito uma rosa rubra
partiu em busca do Esposo
o casto o excelso o inefável.
Selou a boca ao sorriso
fechou o peito ao desejo
calçou sandálias de ferro
sob os pés de rosa e neve.
Silêncios cheios de assombro
povoaram-lhe a vigília.
Vagalhões de anseios morros
cavaram fundos abismos
em sua calma-superfície.
Perdeu-se por entre os astros.
O Esposo morava longe
daquela estrada de sal
daquele rio de areia
daquela praia esgotada.
Ergueu os olhos ao alto.
Não viu mais que a grande noite.
Exausta desceu à terra
para a renúncia final.
No rosto a marca do tempo
na mão a lâmpada extinta
no peito a rosa vermelha
agora fransfeita em cinza.
Idelma Ribeiro de Faria
Brasil (Rio Claro, São Paulo) 1914
in Antologia de Poetas Brasileiros
Seleção: Mariazinha Congílio
Editor: Universitária Editora
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