Inda existe, cruel, inda, em meu peito
Se nutre de paixão o fogo activo;
Inda contra o teu gosto por ti vivo,
Fazendo o sacrifício mais perfeito.
Inda te adoro, ainda te respeito.
Vendo em ti de meus males o motivo,
Porém o coração de amor cativo,
No cativeiro vive satisfeito.
Se às vezes contra ti queixumes solto,
Do que fiz insensato então me admiro,
E aos meus antigos sentimentos volto.
Só por ti vivo, só por ti respiro;
Saíra com a minha alma em pranto envolto,
Teu nome unido ao meu último suspiro.
Catarina Lencastre
(Portugal 1749-1824)
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