
O noivo anseia pelo fim de tudo isto no cio
De conhecer essas entranhas em
chupados sorvos,
De pôr primeira mão nesse cabelo
do ventre
E apalpar o fojo labiado,
A fortaleza feita para ser tomada,
e pela qual
Sente o aríete engrossar e doer de
desejo.
A trémula alegre noiva sente todo
o calor do dia
Nesse lugar ainda enclaustrado
Onde a sua virginal mão nocturna
fingia
Um vazio lucro de prazer.
E dos outros a maior parte é disto
que segredará,
Sabendo o rápido trabalho que é;
E as crianças, que observam com ávidos
olhos,
Agora antegozam de saber
Da carne, e com homens e mulheres
crescidos fazer
O acto coceguento e líquido
Por cujo sabor em cantos escusos
tentam
O que mal sabem como é seco ainda.
Fernando Pessoa
Portugal 1888-1935
photo by Google
Fernando Pessoa
Portugal 1888-1935
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