Quando inteira pelo fogo,
sem ser verão, sem ser estio,
vasculho os sonhos na hora incerta,
no nascer do corpo, no nascer do cio.
Em carícias, em regaços,
fecho o alvo doce e assisto,
em passos lentos, aos teus passos,
ruir a desordem da matéria,
quente e lassa,
nas células, o sobrevôo das ternas libelulas.
Quando danço refeita,
depois da festa, depois do riso,
quando o cheiro, o traço, as vértebras,
de todas as palavras, os versos,
em suma, o resumo para um novo livro.
Recomponho em cacos e versículos,
as manhãs que traças em minhas fendas,
quando o sangue da tua carne prevalece,
quando a boca seca-te o poço, trêmula.
Sábia, em noites crescentes,
me abro em concha estelar...
E é sempre, quando na chuva,
minada me derreter...
Será sempre quando
frágil me inundar,
aí então, só tu
Vais me entender,
me acolher
e me secar.
Lívia Tucci in O Avesso do Cristal
(Brasil 1955)
sem ser verão, sem ser estio,
vasculho os sonhos na hora incerta,
no nascer do corpo, no nascer do cio.
Em carícias, em regaços,
fecho o alvo doce e assisto,
em passos lentos, aos teus passos,
ruir a desordem da matéria,
quente e lassa,
nas células, o sobrevôo das ternas libelulas.
Quando danço refeita,
depois da festa, depois do riso,
quando o cheiro, o traço, as vértebras,
de todas as palavras, os versos,
em suma, o resumo para um novo livro.
Recomponho em cacos e versículos,
as manhãs que traças em minhas fendas,
quando o sangue da tua carne prevalece,
quando a boca seca-te o poço, trêmula.
Sábia, em noites crescentes,
me abro em concha estelar...
E é sempre, quando na chuva,
minada me derreter...
Será sempre quando
frágil me inundar,
aí então, só tu
Vais me entender,
me acolher
e me secar.
Lívia Tucci in O Avesso do Cristal
(Brasil 1955)
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